quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O beijo do diabo

Hoje eu vi a cara do diabo
Ele sorriu da minha dor
Sentiu prazer no meu sofrimento
Satã quis me possuir
E tive que gastar todas as forças
Para ele não conseguir.

Arranhei a testa sem querer
Soquei a porta do guarda roupas
Rolei no chão e na cama
Gritei como um louco
Urrei como um bicho
E por um momento
Um momento apenas
E não mais que um momento
Eu desejei a possessão.

Ela me viu no chão
Ela me viu na cama
Mas não me deu sua atenção
Porque depois que inventaram
A palavra perdão
Muitos são os que se escondem
Atrás dessa ilusão.

O perdão não é palavra
O perdão é atitude
Através de uma ação.
O perdão é movimento
Movimento de abraço
E de beijo; e de língua.
Para os fracos
E apenas para os fracos
O perdão é uma palavra
Que sai da boca facilmente
Mas não entra na mente
Muito menos no coração.

Por isso quase beijei Satã
Por isso ele quase me abraçou
Por isso foi que o desejei
E minhas carnes doeram
E meus músculos doeram
E meus ossos se contorceram
E o arranhão na testa
Ficou vermelho
Em frente ao espelho
Depois que tudo passou...

Só eu não passo...
Só eu não passo...
Só eu não faço nada...
Sou nada... de nada...

Esse gosto na minha boca
Não vem da sua boca
Querida, esse gosto é estranho
E não sei de onde veio...

Eu só sei que é quente...

Londrina, 29/7/2009

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