sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Poema de Fim de Ano (2010)

Fim de ano já chegou
Todo mundo tá com fome
Fim de ano é mais um
Fim de ano: passa e some!

Eu odeio fim de ano
Mas não posso odiar
Pois se tenho só amor
O que devo é amar.

É um tempo de mentira
Quando chega o fim de ano
Tudo vira propaganda
É um lago de engano.

Fim de ano é ilusão
Fim de ano é Orçamento
Orçamento da União
Fim de ano é um tormento.

Fim de ano é votação
Em Brasília, no Senado
Todos querem seu quinhão
Eu só quero ser amado.

Um presente de amor
Um presente de ternura
Um presente de carinho
Fim de ano é loucura.

Eu não quero fim de ano
Quero o ano por inteiro
Não fui feito às metades
Quero tudo, e ligeiro!

Eu concluo meu Poema
Externando meu protesto
Fim de ano é apatia
E por isso o detesto.

Arnaldo B. T. Martins
Pimenta Bueno 17/12/10

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Que saudades, minha princesa

Minha princesa
Recordo-me de ti
Eras a minha princesa
Eras a nossa alegria
Quanta alegria
Quanta pureza
Eras a minha princesa

Em ti habitava o meu orgulho
De ser chamado, pai
Recebi os teus beijos
Recebi teus abraços
Mas se soubesse
Que tão cedo partirias
Ah minha princesa
Muito mais te amaria.

Hoje sou um palhaço triste
Olhando a tua ausência
Guardando ao fundo da gaveta
Aquele nariz vermelho
Que tu tanto querias
E eu não te dei...
Ai minha princesa
Minha alma pesa
E minhas lágrimas caem.
Ai minha princesa
Que espaço vazio deixaste
Neste meu pequeno coração.

O Pai te guarda
E tú estás feliz
Não és mais a minha princesa
És a alegria do Senhor
Escolhida para salvação.

Te amamos minha princesa
E sentimos a tua falta
A falta do teu sorriso
A falta do teu olhar
A falta das tuas gargalhadas
Das coisas mais simples
Dos teus desenhos na escola
Do orgulho das tuas professoras
Quando falavam de ti.

Adeus minha filha amada
Logo a gente se encontra
Para sempre...
Te amo!!!

Porto Velho, 8 de Setembro de 2010.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Depois da escuridão

Dias negros eu passei
Quando louco descobri
Que tu eras outra pessoa
Que tu eras outra mulher
Que tu eras mais capaz
Que as minhas capacidades,
Que tuas atrocidades
Me continham mais veneno.

Teu punhal envenenado
Atravessou-me o peito
Atirou-me sobre a cama
Restringiu-me a solidão
E me trouxe o gosto amargo
Que enroscado na garganta
Fez-me soluçar o fel
Sentindo o sal de lágrimas
Que rolavam sobre o ódio.

E depois da escuridão
Em que havia mergulhado
Vi brilhar no teu olhar
Uma luz que jamais vira.
Aplacaste-me a ira
Perdoaste-me o pecado
Afagaste-me a face
E pediste-me o perdão.

Encho-me da tua luz
Beijo-te a boca doce
Abraço-te e descanso
Teu colo afaga minh'alma
Teus seios recebem meu ser
E fazem ferver o amor
Que ressuscitou
Dentro deste corpo
Doente e quase morto.

Quero cantar a tua música
E chegar até aos céus
Guiado por tuas mãos
Tendo-te ao lado
Com esse teu sorriso
Que acalanta o meu ser.

Porto Velho, 7 de Setembro de 2010.

Calmaria em teu olhar

Entre as loucuras que trago
Resquícios que não me largam
Mas que um dia abandonarei
Por amor de ti,
Me vem a lembrança
Do seu sorriso mais sincero
Acalanto para minha alma
Que teima em se perder no vício
E que trago a curtas rédias
Para que não me leve ao inferno
E me aparte eternamente
Desta calmaria em teu olhar.

Porto Velho, 7 de Setembro de 2010.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Poeminha nordestino

O prefeito deveria
Comandar a prefeitura
Mas se dorme o prefeito
Ele sempre é mandado
Manda o vereador
Manda até o Promotor
E também o deputado

O prefeito indignado
Já não sabe o que fazer
E não pode nem saber
Porque tudo é ordenado
Lhe ordenam pagamentos
Lhe arrumam seus inventos
Para ser um “pau mandado”

E até a secretária
Que lhe cuida o gabinete
Bem entende o macete
Pois não é uma otária
Pede a benfeitoria
Ele chora, pula e chia
Mas atende seu pedido

O prefeito é bom sujeito
Não tem tipo de bandido
Ou se faz em um fingido
Pra não ver tanto defeito
Quando tenta comandar
Ele é bom em vacilar
Isto ele faz bem feito

Hoje tem a reunião
Na salinha do prefeito
Chegou o vereador
Da turminha, o Presidente
Também veio o Promotor
Que é muito insistente
Completando o tablado
Também veio o deputado
Que é firme no batente

E a pauta é a reforma
De um grande hospital
Onde a população
Passa bem e passa mal
Entretanto, o importante
É o vulto do montante
Que somou mais de um milhão

Um, puxando de um lado
Esticando para o outro
O fulano reclamava
Com a turba aumentando
O dinheiro raleando
O prefeito mais aflito
E o que era abençoado
Acabou por ser maldito
Pois, depois da reunião
Cada um com seu montão
Foi beber no seu agito

Requereu o deputado
Sua parte da fatia
Por votar na Assembléia
A emenda desse dia
Ele disse orgulhoso
Que o dinheiro da reforma
Conseguiu de toda forma
Porque é astucioso
Revelou para os presentes
Que usou até parentes
Nesse ato “virtuoso”

Disse que o Governador
Não queria liberar
O dinheiro da reforma
Desse prédio hospitalar
Ele usou de ousadia
Apertando na porfia
Os bagos do “comandante”
E propondo um suborno
Conseguiu tirar do forno
O volume do montante.

“E agora seu prefeito
É bem justo que eu leve
Uma parte da fatia
Pois é isto que me deve
E o resto do dinheiro
Não me importa o paradeiro
Ou de quem é a quantia”

E saindo o deputado
O restante se acertou
E saindo todo mundo
O prefeito só ficou
Lhe levaram todo o ganho
Lhe deixaram o pepino
E se vão já dois mandatos
Nesse grande desatino.

Como agüenta um prefeito
Suportar tamanha prensa?
Se é bom ou é direito
Vai findar em desavença
E sofrendo aperreado
Ele fica amarrado
Sendo só um pau mandado
E mal visto pela Imprensa.

Porto Velho, 17 de Agosto de 2010.

Calmaria

São tantos carros nessas ruas de fumaça,
motos em grande número
vultos e barulho.
os semáforos não refreiam o movimento,
o movimento desse tempo que não pára
desde eras milenares
desde quando o Espírito
pairava sobre as águas.

as faixas de pedestre somem sob os pés
caminhando apressados
levando essas mentes para onde?
para onde vão essas mentes, meu Deus?

não consigo acompanhar.
a fumaça me sufoca
os meus olhos ardem,
são as queimadas dos campos
a floresta queimada
as queimadas da vida

o ar-condicionado me inflama a garganta.
esse quarto de hotel é insignificante
quando aqui lembro do coração do meu amor

ela também corria
ladeira abaixo
mundo afora,
mas não foi eu quem a fez pensar
não foi eu quem a fez olhar para a própria alma
não foi eu quem a fez refletir
não foi eu quem a fez parar
criando pensamentos cadenciados e calmos
enquanto o Espírito pairava
sobre seus olhos fechados em espírito.

calmaria...

ela está calma em casa agora,
eu estou calmo no 215.
a distância é grande
a saudade me inquieta
(essa palavra me afeta)
mas nem essa correria lá fora
me espanta a Poesia
ou me impede o Poema...

logo, escrevo
meio a esmo.
sou Poeta
sou eu mesmo.

Porto Velho, 17 de Agosto de 2010.

Nós

Eu tento me desamarrar
e sempre encontro um nó
escondidinho
e tentando desfazê-lo
com a serenidade adquirida
após mortal tempestade
ato outro nó
assim, sem ver
sem notar
sem querer...

Porto Velho, 17 de Agosto de 2010.

Demasia

Tento me desfazer do vício
de escrever em demasia
mas é tão longa minha Poesia...

Porto Velho, 17 de Agosto de 2010.

Contraste

O Poema é pequeno
mas o livro é imenso...

Porto Velho, 17 de Agosto de 2010.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Essa quarta-feira mórbida

Essa quarta-feira mórbida
Entristece meus neurônios
E desperta a preguiça
Que aflora de minh’alma;
Traz-me dores à cabeça
Enrijece-me o pescoço
Agoniza-me o semblante
Aborrece-me o espírito
E me faz querer parar...

Só não sei porque não paro
Vulto manso que me vem
De tão longe que não sei
De onde vem seu revoar;
Vulto manso que me traz
Os Poemas que escrevo:
Nesses versos me enlevo
Com o medo de chorar...

Mas não quero mais o pranto
E o amor que me enganou
Me recluso sob um manto
Pranteando o meu canto
Que mi’a voz jamais cantou.
Vou em busca de acalanto
Nesses versos desmedidos;
Os meus olhos não fingidos
Esbugalham essa ânsia
Que carrego desde a infância
Com gemidos e com dor...
Eu não sou um pensador
Dos melhores que se encontra
Eu só sei que me vêm contra
As mazelas da existência...
Sem perdão e sem clemência
Eu me entrego à Sua ira.
Se minh’alma inda suspira
Eu bem sei: Tens paciência.

Linda e bela Poesia
Não é isto que eu queria
Prantear em versos fracos;
Te importa o que quero?
Versos ricos eu espero
Lendo as tábuas dos Poetas
Que escreveram no passado.
Eu não ouço suas vozes.
Suas sombras são algozes
Quando busco em profundeza
Encontrar toda riqueza
Dentro da sabedoria;
Não maltrates, Poesia
Este vate já cansado
Pelas vis tão escarnado
Pelas más despedaçado
E por ela não querido,
Porque nunca fui bandido
Apesar de ser safado.

Elas me tiraram tudo
Meu sossego, minhas rimas;
Usurparam minha língua
Derramando-se em prazer;
Suplicaram os meus dedos
Meus apertos e mordidas,
E gozaram-se em lambidas
Que eu dei por inocência,
Poesia, a carência
Que eu sinto nesse instante
É voltar a ser amante
Das malvadas e bandidas.

Essa quarta-feira mórbida
Me descamba em nostalgia
Mas também, o que seria
Dos meus versos sem tristeza?
Se procuro a nobreza
Vou trilhar o meu caminho;
Vou sem ela... vou sozinho
Por não ter sua companhia,
Vou sem medo e na certeza
De te ter, oh Poesia!

Pimenta Bueno, 21 de Julho de 2010

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Prece

Senhor
Seria bom
Se o Senhor me perdoasse,
Se viesse e me levasse.
Que eu dormisse
E não mais acordasse
Nessa vida.
Que bom seria
Para mim Senhor
Se o Senhor ouvisse
Minha Prece...

Eu estou acabado

Você está certa
E eu sou errado
Você é correta
E eu o culpado

Você é esperta
Eu sou um chapado
Você me afeta
Eu caio deitado

Você é ninfeta
Eu sou um tarado
Você me desperta
Do sono encantado

Você me injeta
Um verso rimado
Você me disserta
Eu fico calado

Você tem a meta
Eu tenho um cajado
Você me deserda
Estou acabado.

Espigão do Oeste, 13 de Maio de 2010.
Hotel Esplanada

Soneto do Erro

Procuro meu erro
Encontro um acerto
E no desespero
Em trevas me perco

Estou num deserto
Vilipendiado
A lua está perto
No meu resultado

Então ilumina
Oh! Lua de prata
A ninfa mesquinha

Pois é assassina
Vilã e ingrata
E um dia foi minha.

Espigão do Oeste, 13 de Maio de 2010.
Hotel Esplanada

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Meus sinos desdobram na cara

O zunido badala a morte
Uma sina badala a vida
Um coelho badala a sorte
Mas o bobo badala a corte
E a língua badala a lambida.

Esse vento que sopra funesto
É a sombra que gela a alma
Se a boca me diz que não presto
Uma xana aquece e acalma.

E eu saio correndo e não volto
Eu só volto, se for pra gozar
Vou sofrendo, sozinho, e aposto
Que um dia inda vou acertar.

A aposta empobrece a seiva
E o joio encarece o trigo
A doença impede a labuta
E a puta acaba comigo.

O Jesus salvou a própria pele
E me diz como devo fazer
Se eu faço e a razão me impele
Vou ser vil e desobedecer

No vagão desatado do trem
Me encontro esperando o sino
Que badala o badalo da morte
Me deixando um verme menino

Me escondo e o escuro me atinge
Olho tanto e não vejo a luz
Já não sei onde foi o caminho
E perdi até mesmo mi’a cruz.

Nos teus olhos eu vejo mistério
Da tua boca eu ouço mentira
Na tua mão eu contemplo um império
Na tua mente fervilha a ira.

Na pintura da tela, vadia
A tintura da lama se espalha
E o som que escapole da lira
Confecciona uma negra mortalha.

A tua voz estremece o mundo
Teu agudo explode a cigarra
E se agarro teu peito profundo
Tua boca me lambe e me escarra.

E você sai andando, infeliz
Porque agora já pode sonhar
Não importa, vilã e meretriz
Se teu riso vai me esmagar

Porque o sino badala meu manto
Que enrola minha’lma no féu
Me aplaude Satã no inferno
Me pranteia o Cristo no céu.

Me esnoba o filho amado
Me rejeita a filha em flor
Na fumaça eu desapareço
E retorno no vão do calor.

Se eu digo o que compreendes
Então falo o pó da besteira
Mas se perdes o tino, entrementes
No teu peito eu finco a bandeira,

A bandeira que o vento balouça
E que ergue as cores que pinto
São as cores que pintam o pranto
Desse peito que nem mais eu sinto.

E se o sino badala a morte
E se o sino badala a vida
E se o sino badala a sorte
E se o sino badala a lambida

Sou eu quem badala a corte
Pois o bobo é quem sabe a história
Eu badalo teu peito, teu corte,
Ao riscar toda a trajetória.

Pois se engoles o meu grande mastro
Sou teu gato em cachorro fingido
E ao gozares teu gozo nefasto
O meu gozo eu guardo retido,

Pra deixar tua cara lambida
Nesse gozo, demais lambuzada
E mostrar-te, ó minha querida
Que por mais que tu sejas safada
Sou eu quem engole a cuspida
Que me deste, sua desgraçada.

Espigão do Oeste, 10 de Maio de 2010

terça-feira, 13 de abril de 2010

Eu espero o Paraíso

Eu espero o Paraíso
Só por ter que te aturar
Nessa estrada sem destino
Eu não sei onde chegar

Eu espero o Paraíso
Por estar agonizando
Vivendo nessa merda
Que está me dominando

Eu espero o Paraíso
Para ter o meu alento
Pra não ter que engolir
Todo dia, excremento

Eu espero o Paraíso
Para ter um refrigero
Esses vultos me atacam
Pelo dia que espero

Eu espero o Paraíso
Pra livrar-me do fantasma
E sarar essa ferida
Que nasceu da tua asma

Parte II

O vulto da meia noite
Assustou-me sobre a cama
Eu pulei, estremeci
E o sono não mais vi
Afundado nesse drama

Eu atolo o pé em lama
Porque vou-me empurrando
A viver sempre obrigado
A fazer tudo errado
Nesse trem que vai andando

Tento muito e não sei quando
Vou findar essa loucura
Minha mente enegrece
Meu cérebro desfalece
Por falta de armadura

Me revisto de mentira
E encaro sua cara
Quero comer-te o rim
Para ver seu triste fim
E beber a água rara

Veja treva nos meus olhos
Veja morte no meu riso
Veja sangue em minha mão
Ódio no meu coração...
Eu espero o Paraíso.