24 de Dezembro

Parte I

24 de Dezembro
É uma data especial
Todo mundo anda dizendo
Pra você: “Feliz Natal”

24 de Dezembro
É uma data sem igual
Nunca vi tanta mentira
Em um só comercial

24 de Dezembro
É uma data colossal
Os demônios andam soltos
E ninguém lhes vê o mal

24 de Dezembro
Tem a mídia no jornal
Vai levando as mensagens
Com engodo abismal

24 de Dezembro
É um dia espectral
Todo mundo fica doido
Num sussurro labial

24 de Dezembro
Mais parece um bacanal
Antecede o 25
É a “béspa” de Natal

24 de Dezembro
De manchete gazetal
Onde dizem que o menino
Tem a força triunfal

24 de Dezembro
Para mim é um funeral
Enterrando a verdade
Na cegueira virtual

24 de Dezembro
Não é dia magistral
É só ânsia e espera
Para quem não tem moral

24 de Dezembro
Uma data universal
Que o homem apontou
No escuro do abissal

Parte II

24 de Dezembro
Não é um dia importante
É um dia como outro
No cocô do elefante

24 de Dezembro
Não me lembro desta data
É uma data sem terreno
É o fundo de uma lata

24 de Dezembro
Orçamento aprovado
Vereadores de recesso
E um trem estacionado

24 de Dezembro
É o dia que não gasto
Porque nele, a mentira
Desenvolve o nefasto

24 de Dezembro
As famílias se reúnem
Pra contar suas conquistas
Nas mentiras que resumem

24 de Dezembro
Todos querem fazer festa
Muito sexo e orgia
Estampados pela testa

24 de Dezembro
É uma data sem sentido
Onde todos se enganam
Com um conto no ouvido

24 de Dezembro
Num discurso improvisado
Por um homem de gravata
É um dia sem legado

24 de Dezembro
Me escute ó poeta
Porque digo a verdade
Num poema que me afeta

24 de Dezembro
Eu só tenho minha esposa
Os meus filhos que me primam
Uma luz... u'a mariposa.

Parte III

25 de Dezembro
És o dia dos falidos?
Olhas tu as meretrizes?
Tu contemplas os vencidos?

25 de Dezembro
És o dia dos perdidos?
És o dia dos famintos?
Tu escutas os gemidos?

25 de Dezembro
Como ficam os esquecidos?
As crianças sem brinquedos?
Os soldados mais feridos?

25 de Dezembro
E os pobres desvalidos?
E as jovens de barriga?
Os de câncer, carcomidos?

25 de Dezembro
Tu és todos os bandidos.
Só Jesus pode curar-te
Das mentiras dos fingidos.

Pimenta Bueno, 24 de Dezembro de 2009