terça-feira, 17 de agosto de 2010

Poeminha nordestino

O prefeito deveria
Comandar a prefeitura
Mas se dorme o prefeito
Ele sempre é mandado
Manda o vereador
Manda até o Promotor
E também o deputado

O prefeito indignado
Já não sabe o que fazer
E não pode nem saber
Porque tudo é ordenado
Lhe ordenam pagamentos
Lhe arrumam seus inventos
Para ser um “pau mandado”

E até a secretária
Que lhe cuida o gabinete
Bem entende o macete
Pois não é uma otária
Pede a benfeitoria
Ele chora, pula e chia
Mas atende seu pedido

O prefeito é bom sujeito
Não tem tipo de bandido
Ou se faz em um fingido
Pra não ver tanto defeito
Quando tenta comandar
Ele é bom em vacilar
Isto ele faz bem feito

Hoje tem a reunião
Na salinha do prefeito
Chegou o vereador
Da turminha, o Presidente
Também veio o Promotor
Que é muito insistente
Completando o tablado
Também veio o deputado
Que é firme no batente

E a pauta é a reforma
De um grande hospital
Onde a população
Passa bem e passa mal
Entretanto, o importante
É o vulto do montante
Que somou mais de um milhão

Um, puxando de um lado
Esticando para o outro
O fulano reclamava
Com a turba aumentando
O dinheiro raleando
O prefeito mais aflito
E o que era abençoado
Acabou por ser maldito
Pois, depois da reunião
Cada um com seu montão
Foi beber no seu agito

Requereu o deputado
Sua parte da fatia
Por votar na Assembléia
A emenda desse dia
Ele disse orgulhoso
Que o dinheiro da reforma
Conseguiu de toda forma
Porque é astucioso
Revelou para os presentes
Que usou até parentes
Nesse ato “virtuoso”

Disse que o Governador
Não queria liberar
O dinheiro da reforma
Desse prédio hospitalar
Ele usou de ousadia
Apertando na porfia
Os bagos do “comandante”
E propondo um suborno
Conseguiu tirar do forno
O volume do montante.

“E agora seu prefeito
É bem justo que eu leve
Uma parte da fatia
Pois é isto que me deve
E o resto do dinheiro
Não me importa o paradeiro
Ou de quem é a quantia”

E saindo o deputado
O restante se acertou
E saindo todo mundo
O prefeito só ficou
Lhe levaram todo o ganho
Lhe deixaram o pepino
E se vão já dois mandatos
Nesse grande desatino.

Como agüenta um prefeito
Suportar tamanha prensa?
Se é bom ou é direito
Vai findar em desavença
E sofrendo aperreado
Ele fica amarrado
Sendo só um pau mandado
E mal visto pela Imprensa.

Porto Velho, 17 de Agosto de 2010.

Calmaria

São tantos carros nessas ruas de fumaça,
motos em grande número
vultos e barulho.
os semáforos não refreiam o movimento,
o movimento desse tempo que não pára
desde eras milenares
desde quando o Espírito
pairava sobre as águas.

as faixas de pedestre somem sob os pés
caminhando apressados
levando essas mentes para onde?
para onde vão essas mentes, meu Deus?

não consigo acompanhar.
a fumaça me sufoca
os meus olhos ardem,
são as queimadas dos campos
a floresta queimada
as queimadas da vida

o ar-condicionado me inflama a garganta.
esse quarto de hotel é insignificante
quando aqui lembro do coração do meu amor

ela também corria
ladeira abaixo
mundo afora,
mas não foi eu quem a fez pensar
não foi eu quem a fez olhar para a própria alma
não foi eu quem a fez refletir
não foi eu quem a fez parar
criando pensamentos cadenciados e calmos
enquanto o Espírito pairava
sobre seus olhos fechados em espírito.

calmaria...

ela está calma em casa agora,
eu estou calmo no 215.
a distância é grande
a saudade me inquieta
(essa palavra me afeta)
mas nem essa correria lá fora
me espanta a Poesia
ou me impede o Poema...

logo, escrevo
meio a esmo.
sou Poeta
sou eu mesmo.

Porto Velho, 17 de Agosto de 2010.

Nós

Eu tento me desamarrar
e sempre encontro um nó
escondidinho
e tentando desfazê-lo
com a serenidade adquirida
após mortal tempestade
ato outro nó
assim, sem ver
sem notar
sem querer...

Porto Velho, 17 de Agosto de 2010.

Demasia

Tento me desfazer do vício
de escrever em demasia
mas é tão longa minha Poesia...

Porto Velho, 17 de Agosto de 2010.

Contraste

O Poema é pequeno
mas o livro é imenso...

Porto Velho, 17 de Agosto de 2010.