terça-feira, 17 de agosto de 2010

Calmaria

São tantos carros nessas ruas de fumaça,
motos em grande número
vultos e barulho.
os semáforos não refreiam o movimento,
o movimento desse tempo que não pára
desde eras milenares
desde quando o Espírito
pairava sobre as águas.

as faixas de pedestre somem sob os pés
caminhando apressados
levando essas mentes para onde?
para onde vão essas mentes, meu Deus?

não consigo acompanhar.
a fumaça me sufoca
os meus olhos ardem,
são as queimadas dos campos
a floresta queimada
as queimadas da vida

o ar-condicionado me inflama a garganta.
esse quarto de hotel é insignificante
quando aqui lembro do coração do meu amor

ela também corria
ladeira abaixo
mundo afora,
mas não foi eu quem a fez pensar
não foi eu quem a fez olhar para a própria alma
não foi eu quem a fez refletir
não foi eu quem a fez parar
criando pensamentos cadenciados e calmos
enquanto o Espírito pairava
sobre seus olhos fechados em espírito.

calmaria...

ela está calma em casa agora,
eu estou calmo no 215.
a distância é grande
a saudade me inquieta
(essa palavra me afeta)
mas nem essa correria lá fora
me espanta a Poesia
ou me impede o Poema...

logo, escrevo
meio a esmo.
sou Poeta
sou eu mesmo.

Porto Velho, 17 de Agosto de 2010.

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