segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O seio alimenta a vida

O seio alimenta a vida
O peito badala a morte
A mente vazia no peito
Os olhos procuram a sorte
O peito tem bico perfeito
A boca saliva aguada
A mão tem dedos no jeito
A mente palavra safada.

O seio alimenta a vida
O peito badala a corte
O peito à mostra demonstra
O cheiro suave da morte.
Mas eu fui criança mimada
Mamando até aos três anos
E como mudar os meus planos
Se a boca já viciada
Saliva querendo o peito
E baba mamando no seio?

Me bata na cara, querida
Se falo olhando teu peito
Me cuspa no rosto catarro
Se sonho deitado em teu seio
Mas peito é mais que a bunda
E seio bem mais que a coxa
Me cuspa, me bata querida
Mas não me negues a vida...

A saudade é uma bobagem

A saudade é uma bobagem
Que envolve grandes homens
A saudade é desvantagem
Que aos mais altos consome
Ela fere, arranha e risca
Maltrata, prende e mata.
A saudade é uma bobagem.
Sua filha de uma puta!

Observatório

Ela passa na rua
E todos a contemplam
Eu no meio de todos
Quase a venero
Se pudesse a idolatraria.

Seus cabelos negros
Escorrem molemente
Pelo corpo escultural.
Teu sorriso me encanta
Teu sorriso me enlaça
Teu sorriso me levanta
Teu sorriso me atiça
Teu sorriso é uma Fanta
Que quando bebo, vira Coca...

Os teus olhos são felizes
Teu semblante, calmaria
Mas é muita covardia
Escrever-lhe estes versos.

Deste observatório
Te dedico devaneios
Te revelo meus anseios
Te escrevo as asneiras
Que a ti escreveria
Se tua boca, um só dia
Minha boca encontrasse
E num beijo me pegasse.

Escrevo tanto

Escrevo meu verso
Escrevo tanto
Tantas palavras
Mas continuo só.

O teu acalanto
Afaga meu rosto
Mas os meus olhos
Andam distantes.

Escorre-me o pranto
Na quietude da noite
E eu fico quieto
Soluçando baixinho.

O show na TV
Assisti tão sozinho
Lembrando do tempo
Em que o rock pesado
Era coisa de dois
Era verso de três
Era rima de quatro.

Hoje estou só
Estou acompanhado
E só, vou deitado
Nesta cama vazia.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Com asas abertas

Com asas abertas
Eu volto da ida
Eu volto pra vida
Por sobre os montes

Com asas abertas
Encaro meus medos
Desvendo segredos
Vejo horizontes

Com asas abertas
Eu volto sozinho
Refaço o ninho
E bebo das fontes

Com asas abertas
Venho vagaroso
Pairando no gozo
De ver-me voar...

De volta à casa abandonada

O meu blog me olha com olhares de saudade
Minha foto na parede em preto e branco guarda mistérios
Leio poemas virtuais apresentando realidades em devaneios
E eu devaneio e me perco nas entrelinhas
De uma saudade que não sinto
De uma pessoa que não existe
De um dia que não está na história de ninguém
De uma noite sem estrelas; sem lua; sem dança: Só Poesia.

A cabeça dói devagar
Como se a dor estivesse com preguiça de doer.
Mais uma pastilha para desinflamar a garganta
Mais uma hora ao computador com essa cara de anta
E mesmo assim... assim mesmo...
A saudade permanece e não vai embora.
E agora, ó casa abandonada?

Deitar-me-ei no velho tapete
Olharei para o teto repleto de teias
E dormirei o sono do cansado
O sono do soldado depois da batalha
O sono de quem veste a mortalha
O sono deste poeta... sono de Dado.