Sou assim meio apagado
Transparente, descolor,
Poucas vezes sou notado
Quando sou, é ilusão
Eu não quero o legado
Dos poetas que amei
Como ‘Castro’, que tão jovem
Despediu-se da amada
Sem provar da sua alma
A essência do seu ser,
Sem provar que o poeta
Apenas vive pra morrer
Eu não quero o legado
De ‘Augusto’, que funesto
Rabiscou com cinza e pó
Seu poema-escuridão
Não quero de ninguém
O que alguém não pode dar
Eu só quero ir andando
Pra chegar aonde for.
Sou assim meio apagado
Esquisito, transcolor,
E no riso, camuflado
Eu escondo minha espada.
Eu não quero ser brilhante
Pra depois perder o brilho
Eu só quero, nesse trilho
Ser um trem sempre avante.
Da amada, ser amante
Dos poetas bacharel
E das noites mariposa
E da musa, menestrel.
Não preciso ser o máximo
E tampouco o menor
Eu só quero fazer versos
Do meu modo, o melhor.
Londrina – 9/9/09
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